Exatos 44 dias que estou aqui, nada mais justo que promover a cidade onde estou vivendo, palco de alegrias e confusões que certamente sentirei muita falta. Bangalore é conhecida na India como Garden City pela grande quantidade de parques e áreas verdes que possui, o que faz dela uma das metrópoles mais agradáveis do país. É a capital do estado de Karnataka e vem crescendo absurdamente e desordenadamente, visto que de alguns anos para cá se tornou pólo de desenvolvimento de TI, laboratórios, construção civil, biomedicina e outras áreas estratégicas. Justifica o fato de a maioria das pessoas que venho conhecendo não serem naturais daqui e sim terem chegado em B'lore "fazer a vida" com a família, em busca de melhor emprego e educação para os filhos. Por tudo isso, inevitavelmente se tornou uma cidade pop, está cheia de estrangeiros, baladinhas, lugares da moda e colunas sociais bombantes, mesmo que a lei estadual ordene o fechamento de qualquer clube/bar e proíba a venda de bebidas alcoólicas após as 11h30. Sim, as festas tem que acabar às 11h30 e todo mundo é literalmente enxotado do recinto. Depois disso? A solução são as festas privadas nas casas das pessoas, com convite ou não.
Com muita grana rolando, as diferenças sociais são gritantes aos olhos. Canso de ver jovens nos carrões com motorista particular, lotando os cafés e lugares com alguma gastronomia ou ambiente distinto, enquanto a merda come solta na rua. Através de 2 paranaenses que estão aqui abrindo uma empresa de geradores, Neto e Rodrigo, conheci um clube chamado mais ou menos Bangalore Expatriats Club, onde toda a gringaiada adulta se reúne pra conversar e fazer programas sociais. Gringaiada adulta entenda-se pessoas que estão aqui trabalhando pra valer em grandes companhias e fazendo muito dinheiro, nada de estudante intercambista que viaja de trem e chora desconto em tudo. A maioria tem uma vida muito melhor do que tinha em casa, quase todos com seus motoristas particulares 24 horas por dia, compras, festas e viagens caras. Em uma dessas festas, num hotel lindíssimo chamado Ista, conheci gente do mundo inteiro e senti uma coisa estranha: está todo mundo ali completamente alienado do lugar onde estão, e não se importando um puto com isso. Existe uma resistência muito grande às condições, à India mesmo. Os diálogos frequentemente envolvem deboche de alguma situação ou costume daqui, não gosto disso. O figurino das meninas... bem, algo tipo clubbing in Beverly Hills. Essa festa tem quase 3 semanas e depois disso não vi mais esse pessoal apesar de manter contato com o Neto e Rodrigo normalmente, afinal não tem nada a ver.
Quem eu vejo com muito mais frequencia é a Gabi, uma querida! Natural de Brasília, ela estudou Antropologia e Desenvolvimento na London School of Economics e veio direto pra cá. Já com experiência em ONGs em Brasília, está trabalhando aqui na IT for Change, uma ONG pioneira que avalia impactos do desenvolvimento cibernético na sociedade, estão arrebentando, os chefes dela não param de viajar. Adoro conversar com ela e dividimos algumas opiniões e dramas similares, risadas também!! Outro dia nos encontramos em um café e ela convidou uma outra brasileira, Maria Clara, de Bauru. Maria Clara trabalha para a Ashoka (quem não conhece, é uma das maiores ONGs do mundo para empreendedorismo social) e reside normalmente em Washington. Veio para a India simplesmente para reestruturar a Ashoka India, bem pouca coisa ela, hein? Muito inteligente e super polida, está praticamente casada com um indiano que também trabalha com empreendedorismo social. Combinamos uma jantinha no apartamento deles, espero que role logo porque eu adorei a companhia e a conversa. No mais, ando muito com os outros gringos da AIESEC, que é com quem faço as viagens de fim de semana (tema de algum post muito próximo) e também as saídas para bares e afins. São todos muito queridos, uns mais que os outros obviamente. No momento está bem sortido: Brasil, Colombia, México, Polônia, Espanha, Alemanha, China, Japão... Em breve chegará no honorável Raheja Residence uma lôra da Finlândia com quem já estou em contato, parece bem gente boa.
No trabalho a coisa desacelerou bastante de quando eu cheguei... O que acontece é que não tenho função definida, cada um faz seu trabalho freneticamente e eu fico meio que no limbo. São muitas conferências, oficinas, workshops e aí que eu aprendo mais, além das visitas às instituições, tema de algum próximo post também. Agora, trabalho no escritório pelo menos pra mim está fraquíssimo. Já me ofereci pra tudo, falei que me chamem pra isso e pra aquilo, mas não rola muito. Conversando com os outros trainees percebemos que rola mais ou menos isso aqui, o gringo é meio que figuração, é legal ter um estagiário estrangeiro, dá um certo status à organização, mesmo que ele não contribua grandes coisas. Bem, estou disponível e tentando fazer minha parte, mas não estão rolando grandes coisas de uns tempos pra cá nesse sentido.
Quanto à Incredible !ndia experience, estou matando minha lista de atividades aos poucos: Ayurveda já fiz outra sessão depois da postada (uma maravilha, by the way) e mais sessões por vir; Boollywood no cinema já vi mas certamente rola mais, assisti House Full, o último hit; Boollywood dance e dança clássica indiana tentei ir a algumas oficinas e cursos mas os horários e dias são péssimos, vou continuar tentando e conto pra vocês; City Tour, já andei por aí com Irena, trainee da Bulgaria. Fomos a alguns pontos turísticos mais importantes e ao shopping mais caro da cidade almoçar, onde todas as grifézimas estão localizadas; Yoga, a fodástica universidade que eu comentei fica fora de Bangalore e é só para cursos sérios e profissionalizantes, nada de "quero experimentar", estou tendo dificuldade para encontrar um lugar legal perto de casa, tem muito centro de Yoga falcatrua aqui; Meditação, semana que vem vou dar uma passada no Osho Center e dar uma averiguada; Ashram (retiros espirituais), devo ir em algum fim de semana em breve; Comprinhas, Bangalore é um bom lugar! Tem de tudo mas os preços são meio salgados comparados ao resto do país. Sai outro dia com a Parinita (já falei sobre ela) fazer bagunça na Commercial Street, versão indiana da nosso querido Saara no Rio. A família dela é do Rajasthan, onde tudo é muito mais barato então a guria pechinchava TUDO, tanto que não me deixou comprar 2 batas lindíssimas que pra mim estavam bem baratas. Ela não me deixava comprar nada do que eu gostava, foi muito engraçado! Bom, mais compras virão e por aí vai. Tudo será devidamente abordado e fofocado por aqui! No mais, estou gostando bastante, to achando tudo ótimo e estou bem adaptada à cidade.... que continue assim, Amem e Namaste ;)
Fotos: 1) com os trainees David de Barcelona e Mareike de Frankfurt; 2) Área comercial de Bangalore 3) Parinita e os zilhões de bangles (pulseiras indianas) que cobiçamos 4) Vidhana Souda, antigo palácio real 5) Gabi aniversariando na festa do Ista Hotel
3 comentários:
Osho! Osho! Osho!
é o que estou mais ansioso por você! kkkkk
eu fiz um texto-homenagem-sátira para ele na coluna, olha isso:
http://www.pagina3.com.br/coluna/emergencia/1022
bjones!
Namastov!
(namastê + mazeltov!)
hmmmm não sei se entendi, to processando ainda.
Olha o McDonald's aí, minha gente!!! Adorei o palácio e quero bangles!!! Me traz as mais fashions! Hehehe... bjones!
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